por Ivam Prieto Rinald
Editorial de estreia
Viva São João oops, já passou.
Nosso novo tabloide, O LIGADINHO,
já chega conectado na hora errada: a da crise de racionamento de água - quem
disse que não falta água em Brasília? Prenúncio de novo racionamento de energia
elétrica; quem (sobre)viver verá, não precisa ser pitonisa ou visionário.
Por esta razão duvidamos que
tenha vida longa, ideias luminosas, público-alvo pouco esclarecido, ou seja,
totalmente clean, isto consumiria muita energia. Optamos então por abastecer
nossa central cerebral com triptofano, cordyceps sinensis e tribulus
terrestris, por serem mais econômicos e só consumirem a nossa própria energia.
Cortamos também por medida de
economia o 2º caderno e a seção de esportes que pode gerar muita briga e
dispêndio de energia; a dos bairros nem se fala, no Rio então, em pé de guerra
civil, melhor não mexer com isso e rezar para as forças armadas darem conta do
recado mais uma vez.
Os anúncios não existem por falta
de patrocínio, nem a Petrobras, outrora mãe de todos os patrocínios culturais,
quer nos apoiar pelo motivo mais elementar que é o da falta de verbas; o
caderno de política, por excesso de desmandos e pixulecos, bem que tentamos
sensibilizar alguns políticos da banda podre do governo, mas nem a gráfica do
senado nos abriu suas portas ou nos permitiram usar num último esforço de
sobrevivência.
Tentamos ainda um empréstimo com
o BB, a Caixa, o BNDES, o Banco Central, os Fundos de Pensões das Estatais e
até o FMI, mas tudo em vão, ninguém quer ouvir a voz da razão.
Foi a gota d’água, ou a falta de,
entrei na força de cum força, nós que professamos os cânones neoliberais da
bancada evangélica e ruralista de nossa nação, os interesses estrangeiros da
grande potência irmã do Norte que tanto contrariamos com o (pré)sal da nossa
terra, nós que sempre fizemos um discurso escatológico deveras dialético do
absurdo, nada marxista, embora sempre taxado de comunista, principalmente nos
bares das repúblicas do Leblon a Ipanema, declararíamos a inadimplência precoce
e seríamos deportados para Portugal, caso abríssemos tal jornaleco, Eça e
outros trocadilhos lusitanos claro, ririam de mim como artista zombeteiro e
tomador dos vinhos da Vila de Sintra; por fim, devido ao iminente aumento da
tarifa de energia elétrica, nosso editor ia acabar querendo um aumento, afinal
tudo é energia e o nosso anti jornal já nasce natimorto, com redundância e tudo,
sendo então mais apropriado renomeá-lo como "O DESLIGADINHO", coitado,
cansado da guerra que ainda mal começou.
E taca Físca Quântica nele.
P.S. O
último a sair apague a luz de emergência e só deixe a vela "Nhá
Chica" acesa para ouvir nossas preces, afinal, é disso que estamos
falando, Senhor!
***
Este
trabalho integra a antologia Contemporâneos 2018 que será lançada pela
Taba Cultural Editora entre dezembro/2017 e janeiro/2018.
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deseje participar de nossas antologias envie uma mensagem para:
taba@tabacultural.com.br
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