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terça-feira, 7 de novembro de 2017

O LIGADINHO NA CRISE

  
por Ivam Prieto Rinald

Editorial de estreia
Viva São João oops, já passou.
Nosso novo tabloide, O LIGADINHO, já chega conectado na hora errada: a da crise de racionamento de água - quem disse que não falta água em Brasília? Prenúncio de novo racionamento de energia elétrica; quem (sobre)viver verá, não precisa ser pitonisa ou visionário.
Por esta razão duvidamos que tenha vida longa, ideias luminosas, público-alvo pouco esclarecido, ou seja, totalmente clean, isto consumiria muita energia. Optamos então por abastecer nossa central cerebral com triptofano, cordyceps sinensis e tribulus terrestris, por serem mais econômicos e só consumirem a nossa própria energia.

Cortamos também por medida de economia o 2º caderno e a seção de esportes que pode gerar muita briga e dispêndio de energia; a dos bairros nem se fala, no Rio então, em pé de guerra civil, melhor não mexer com isso e rezar para as forças armadas darem conta do recado mais uma vez.
Os anúncios não existem por falta de patrocínio, nem a Petrobras, outrora mãe de todos os patrocínios culturais, quer nos apoiar pelo motivo mais elementar que é o da falta de verbas; o caderno de política, por excesso de desmandos e pixulecos, bem que tentamos sensibilizar alguns políticos da banda podre do governo, mas nem a gráfica do senado nos abriu suas portas ou nos permitiram usar num último esforço de sobrevivência.
Tentamos ainda um empréstimo com o BB, a Caixa, o BNDES, o Banco Central, os Fundos de Pensões das Estatais e até o FMI, mas tudo em vão, ninguém quer ouvir a voz da razão.
Foi a gota d’água, ou a falta de, entrei na força de cum força, nós que professamos os cânones neoliberais da bancada evangélica e ruralista de nossa nação, os interesses estrangeiros da grande potência irmã do Norte que tanto contrariamos com o (pré)sal da nossa terra, nós que sempre fizemos um discurso escatológico deveras dialético do absurdo, nada marxista, embora sempre taxado de comunista, principalmente nos bares das repúblicas do Leblon a Ipanema, declararíamos a inadimplência precoce e seríamos deportados para Portugal, caso abríssemos tal jornaleco, Eça e outros trocadilhos lusitanos claro, ririam de mim como artista zombeteiro e tomador dos vinhos da Vila de Sintra; por fim, devido ao iminente aumento da tarifa de energia elétrica, nosso editor ia acabar querendo um aumento, afinal tudo é energia e o nosso anti jornal já nasce natimorto, com redundância e tudo, sendo então mais apropriado renomeá-lo como "O DESLIGADINHO", coitado, cansado da guerra que ainda mal começou.
E taca Físca Quântica nele.

P.S. O último a sair apague a luz de emergência e só deixe a vela "Nhá Chica" acesa para ouvir nossas preces, afinal, é disso que estamos falando, Senhor!

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Este trabalho integra a antologia Contemporâneos 2018 que será lançada pela Taba Cultural Editora entre dezembro/2017 e janeiro/2018.
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Caso deseje participar de nossas antologias envie uma mensagem para: taba@tabacultural.com.br
 

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