É informação
ou sensacionalismo, o que vêm fazendo as TVs na cobertura do atentado à escola
em Suzano? Diante da tristeza que acompanha a tragédia daqueles jovens e de suas
famílias, que nos deixa à deriva tentando entender e explicar o inexplicável
nos vimos estupefatos por permitir, mesmo involuntariamente, que coisas dessa
natureza possam ocorrer em nosso meio. Bárbaros assassinos que fazem a
humanidade descer tão baixo. Mas não precisava a TV nos lembrar,
exaustivamente, da forma como todos os canais vêm fazendo, especialmente a
Globo por ser a mais acessada.
A repetição exaustiva das cenas de terror, a exposição dos nomes e das
fisionomias dos tresloucados assassinos, e mais do que isso, de seus movimentos
criminosos, parecem mais uma propaganda. Para as mentes doentias iguais a
desses criminosos a exposição de seus atos, dessa maneira, serve de estímulo.
Nesses casos os meios de comunicação, em especial a TV, deveriam se
prender aos aspectos de bravura dos que sobreviveram, as histórias dos que
ajudaram as vítimas, as formas como cada um se livrou ou deu combate aos
criminosos, e menos ao desespero das vítimas, a dor das famílias e a
incapacidade de entendermos esses crimes, porque essas coisas devem alimentar o
desejo de morte dessas mentes assassinas, que devem vibrar com o sofrimento e a
dor dos outros, com a fragilidade e incapacidade das pessoas em se defender. Esse
certamente é o único prêmio que esperam: o reconhecimento pelos seus crimes, serem
apontados, ter seus rostos veiculados ininterruptamente na TV e nos jornais, na
internet.
Quanto menos ênfase se der aos criminosos e a seus movimentos, mais
covardes eles se tornarão, mais doentes e menos corajosos aparecerão aos olhos
dos fracos e doentes como eles, que certamente encontram na exposição exaustiva
desses atos algum estímulo.
Já se sabe que esses malucos se encontram em sites criados para propagar o mal, que seus membros se alimentam no
ódio e na paranoia uns dos outros, de onde vêm incentivos, conselhos e
orientações para o crime. Parece que os dois de agora frequentaram o mesmo site do doente de Realengo.
Resta saber por que as autoridades não monitoraram esses grupos e seus
participantes desde o atentado de Realengo para evitar essa tragédia de agora,
para evitar que elas se tornem corriqueiras em nosso país.
Por isso é preciso tirar o prêmio deles. A fama negativa, mas repentina,
espetacular. Podíamos tratar os dois de agora como o criminoso mais novo e o criminoso
mais velho. Mostrar seus rostos com tarjas. Não me interessa conhece-los a
fundo, a policia deve se encarregar de suas histórias. Quero saber de suas
vítimas, dos sonhos que tinham. Dos que sobreviveram e dos sonhos que têm.
(publicado também em SEM TAPAR O SOL, https://semtaparosol.blogspot.com/)
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